domingo, 27 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

VOLVER - VOLTAR (2006)

PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: Volver
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Chus Lampreave

Crítica:

UMA QUESTÃO DE MULHERES

Volver - Voltar por pouco se distancia do universo telenovelesco; todavia, fá-lo com competência e grande actualidade. Aliás, a vida doméstica e pessoal de Raimunda (magnífico desempenho de Penélope Cruz) facilmente ecoará na vida de muitos espectadores, com rara pertinência.

Voltar ao passado pode ser um processo difícil, uma invocação de memória que poderá revelar segredos dolorosos, os quais tentámos esquecer a todo o custo. Lola Dueñas e Carmen Maura tornam à filmografia do realizador, em sólidos desempenhos, nesta viagem de regresso à verdade: o incesto que, na sombra e no silêncio, não só existe como prolifera nas aparências do mundo rural. Alcanfor de las Infantas simboliza, pois, tantas vilas e localidades que tão bem conhecemos.

Volver - Voltar
não é cinema na sua melhor forma, mas é entretenimento puro, que camufla o trágico no hilariante com um à-vontade fora do comum.

10 Breves Perguntas (4)

Continua a nossa iniciativa.
Fernando Ribeiro, director e editor do site Ante-Cinema (uma reconhecida referência em Portugal), aceitou o convite do CINEROAD - A Estrada do Cinema para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Woody Allen
2. Um argumento: 12 Angry Men
3. Um actor: Robert de Niro
4. Uma actriz: Cate Blanchett
5. Um filme-desilusão: Sin City
6. Um filme-surpresa: Dark City
7. Um filme sobrevalorizado: The Shawshank Redemption
8. Um filme subvalorizado: The Last Samurai
9. Um filme em que chorei: Moulin Rouge!
10. Último DVD: Home - O Mundo É A Nossa Casa

Um muito obrigado, Fernando Ribeiro.
As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial, muito em breve! Até lá.

SLIPSTREAM - A VIDA COMO UM FILME (2007)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Slipstream
Realização: Anthony Hopkins
Principais Actores: Anthony Hopkins, Christian Slater, John Turturro, Fionnula Flanagan, Michael Clarke Duncan

Crítica:

UM SONHO CRIATIVO

A verdade é que encontrei, inesperadamente, um filme magnífico. Algures entre o espectro criativo de Spike Jonze e o pesadelo confuso de David Lynch, Slipstream - A Vida Como Um Filme revela um original, fresco e jovial (eu diria mesmo psicadélico) trabalho de realização, por parte do actor Anthony Hopkins, que protagoniza e assina, também, a composição musical da fita.

Detentora de uma prodigiosa cinematografia (Dante Spinotti) e de um dos mais estimulantes exercícios de montagem a que tive o prazer de assistir (Michael R. Miller), a obra faz um desvio radical na linearidade narrativa e conflui universos distintos numa dimensão única, quase onírica, dando-nos a conhecer a magia do caos criativo, no qual nascem personagens, situações e histórias. O argumento brinca com a mise en abyme, suscitando e estabelecendo, a um nível metadiegético, um claro e intencional paralelo entre Felix e o próprio Anthony Hopkins. Ambos são a criação e um é a criação do outro. A aparente naturalidade com que brotam a espontaneidade e a capacidade de encenação faz pensar na grande carreira de realizador que Hopkins poderia ter concretizado.

Sliptstream - A Vida Como Um Filme é, pois, uma irreverente e triunfal experiência em cinema, de difícil leitura e de incomensurável poder criativo, que merece ser descoberta.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

10 Breves Perguntas (3)

Continua a nossa iniciativa.
Hélder Almeida, autor do blogue Movie Wagon aceitou o convite do CINEROAD - A Estrada do Cinema para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Quentin Tarantino
2. Um argumento: Wall-e
3. Um actor: Johnny Depp
4. Uma actriz: Meryl Streep
5. Um filme-desilusão: Austrália
6. Um filme-surpresa: Frost/Nixon
7. Um filme sobrevalorizado: O Estranho Caso de Benjamin Button
8. Um filme subvalorizado: Death Proof - À Prova de Morte
9. Um filme em que chorei: The Fountain - O Último Capítulo
10. Último Blu-Ray Disc: Gran Torino

Um muito obrigado, Hélder Almeida.
As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial, muito em breve! Até lá.

THE SHIPPING NEWS (2001)


PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
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Título Original: The Shipping News
Realização: Lasse Hallström
Principais Actores: Kevin Spacey, Julianne Moore, Judi Dench, Rhys Ifans, Cate Blanchett, Scott Glenn

Uma verdade necessária: a versão cinematográfica do romance de Annie Proulx merecia uma adaptação mais cuidada, com um melhor aproveitamento dos seus riquíssimos recursos. O elenco é de luxo: isso é indesmentível. Raramente encontramos reunidos num só filme nomes como Kevin Spacey, Julianne Moore, Judi Dench ou mesmo Cate Blanchett, cujos talentos estão mais do que comprovados. A banda sonora é magnífica. O restante trabalho da equipa, não sendo excepcional, servia perfeitamente os propósitos essenciais para a adaptação. Mas o argumento, para além de não primar pela clareza, está mal estruturado, com falhas essenciais à compreensão da história. Para além disso, outro factor determinante: Lasse Hallström (Chocolate) não foi o realizador certo para o projecto. Faltou-lhe inspiração para fazer um filme muito bom e punho suficiente para dirigir um bom filme. Foi pena.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

10 Breves Perguntas (2)

Continua a nossa iniciativa.
João Bizarro, autor do blogue Cantinho das Artes aceitou o convite do CINEROAD - A Estrada do Cinema para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Martin Scorsese
2. Um argumento: Inglorious Basterds
3. Um actor: Marlon Brando
4. Uma actriz: Naomi Watts
5. Um filme-desilusão: Swept Away, Guy Richie (É mais o realizador mas foi com este filme)
6. Um filme-surpresa: Let the Right One In, de Thomas Alfredson
7. Um filme sobrevalorizado: Titanic, de James Cameron
8. Um filme subvalorizado: Public Enemies, de Michael Mann
9. Um filme em que chorei: Brokeback Mountain, de Ang Lee
10. Último DVD: Gran Torino, de Clint Eastwood

Um muito obrigado, João Bizarro.
As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial, muito em breve! Até lá.

TUDO SOBRE A MINHA MÃE (1999)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: Todo Sobre Mi Madre
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Cecilia Roth, Marisa Paredes, Candela Peña, Antonia San Juan, Penélope Cruz

Crítica: Falar do universo de Tudo Sobre a Minha Mãe é falar do típico, rico, polémico e colorido universo de Almodóvar. Que é como quem diz: o universo do feminino e dos temas fracturantes das sociedades ocidentais. Em Tudo Sobre a Minha Mãe dá-se, pois, o encontro e cruzamento, a jeito de corso carnavalesco, de prostitutas, toxicodependentes, travestis e transsexuais, seropositivos e doentes com Sida, freiras pecadoras, mães solteiras e doentes de Alzheimer. E, provavelmente, outras tantas personagens nada convencionais. Desta amálgama exótica, sai um filme de humor rasgado e lágrima sincera. Com uma mise-en-scène cuidada e um argumento imprevisível, eis uma homenagem maior à mulher, à mãe e à figura e representação de ambas.

Pearl Harbor (2001)








Comente o filme Pearl Harbor, aqui!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

10 Breves Perguntas (1)

Inicia-se aqui uma nova série de iniciativas.
Flávio Gonçalves, autor do blogue Flavio's World aceitou o convite do CINEROAD - A Estrada do Cinema para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Gus Van Sant
2. Um argumento: Lost in Translation
3. Um actor: Gael García Bernal
4. Uma actriz: Kate Winslet
5. Um filme-desilusão: O Wrestler
6. Um filme-surpresa: Dogville
7. Um filme sobrevalorizado: Os Condenados de Shawshank
8. Um filme subvalorizado: Ensaio sobre a Cegueira
9. Um filme em que chorei: Expiação
10. Último DVD: O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei

Um muito obrigado, Flávio Gonçalves.
As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial, muito em breve! Até lá.

domingo, 13 de setembro de 2009

O Prazer da Redescoberta


É por demais prazeroso quando redescobrimos uma obra. Aconteceu-me recentemente com duas: O Segredo de Brokeback Mountain (2005) de Ang Lee e O Paciente Inglês (1996) de Anthonny Minghella.
É certo que a nossa maturidade evolui, assim como os nossos gostos e percursos pessoais. Mas no caso destes dois filmes, todavia, creio poder destacar um outro elemento, para mim verdadeiramente determinante na sua avaliação: a expectativa. Refiro-me claramente ao jogo de expectativas que exercemos sobre uma obra antes de a vermos. E nem sempre as expectativas se superam - nestes casos, em que a expectativa parece ter tanto peso, vemos o filme não como ele é (na sua essência e autêntica natureza), mas sim em comparação com o filme que idealizámos. Aí, na maior parte das vezes, o filme sai a perder.

Felizmente, as segundas - às vezes, terceiras - oportunidades vêm reposicionar-nos e fazer finalmente com que encaremos o filme desprovidos de preconceitos... entramos pois no espírito do filme e compreendemos a sua fórmula. É por isso que O Segredo de Brokeback Mountain e O Paciente Inglês são agora dois novos filmes para mim, duas redescobertas extraordinárias.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

EM CARNE VIVA (1997)


PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Carne Trémula
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Liberto Rabal, Javier Bardem, Francesca Neri, Penélope Cruz, Ángela Molina, José Sancho

Crítica:

A LEI DO DESEJO

Magistral e profundamente inspirado na encenação, Em Carne Viva respira uma cadência sensual, por vezes até erótica, e revela-se irrepreensível na orquestração dos recursos artísticos. Por isso mesmo se poderá dizer que, com este filme, Almodóvar consolidou a sua qualidade criativa: enquanto argumentista e enquanto realizador. Com este brilhante Em Carne Viva consagrou-se, pois, como um dos mais singulares e talentosos realizadores europeus.

Essa evolução manifesta-se e comprova-se nos planos meticulosos, devidamente enquadrados e previamente ensaiados, na assombrosa mise-en-scène, cheia de cores gritantes e de corpos nus, nas sentidas composições musicais de Alberto Iglesias ou nas vibrantes canções que, como Somos, enfatizam a sedução dos corpos, intensificam o dramatismo das situações e ajudam no processo do storytelling, quase que dando ao filme uma alma que reclama transcendência. O argumento, de construção imprevisível e circunstancialmente pontuado por tiradas geniais de puro e autêntico humor, consiste num trabalho de muito boa escrita, devidamente estruturado e consistente. Ensaia de forma sublime, com raras inteligência e pertinência, temas fracturantes como a traição (amorosa ou entre amigos) ou a deficiência física (e as suas consequências directas e difíceis nas relações das pessoas). Note-se, a propósito deste caso último, o excepcional desempenho de Javier Bardem, à frente de um elenco de prestações, todas elas, formidáveis: Liberto Rabal, Francesca Neri, Ángela Molina ou José Sancho.

Todavia, Em Carne Viva transcende ainda o próprio drama, melodrama e policial quando, num segundo plano, retrata toda uma Espanha em evolução, do Franquismo aos tempos de liberdade. A epígrafe, as datas, algumas passagens do argumento ou a recriação histórica, assegurada pelo cuidado trabalho de cenografia, dão-nos conta, desde logo, dessa evolução. Não é por acaso que o filme acaba de forma circular. Pelo duplo nascimento em tempos distintos se marca o contraponto: a última cena mostra-nos a mesma rua onde outrora se nascia com medo e agora se nasce com esperança em liberdade... Liberdade, essa, essencial para amar, viver e criar... E como Almodóvar percebe dessa liberdade.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O AVIADOR (2004)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★ 
Título Original: The Aviator
Realização: Martin Scorsese
Principais Actores: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Ian Holm, Danny Huston, Jude Law, Gwen Stefani, Adam Scott, Matt Ross, Kelli Garner, Frances Conroy, Willem Dafoe, Edward Herrmann, Vincent Laresca, Kevin O'Rourke, Stanley DeSantis

Crítica:

  O MAGNATA DOS CÉUS 

 Sometimes, I truly fear that I am losing my mind.
And if I did it... it would be like flying blind.

Sabido é o meu ponto de vista sobre o cinema: o artístico. Poucos filmes me seduzem tão pouco, por isso, quanto os biográficos: geralmente, quase nada acrescentam à recriação informativa que um documentário facilmente executaria - digo isto sem querer menosprezar o género não-ficcional, que raramente tem pretensões artísticas -, representando um desafio mais ou menos exigente para os actores (na sua imitação das personagens históricas) e pouco mais. Não obstante, quando a incursão cinematográfica se revela um apaixonado e apaixonante exercício de cinefilia e o biopic uma imperiosa obra de arte, creio que a aposta é legitimada, absolutamente meritória, necessária e bem-vinda. O Aviador é um exemplo maior de como fazer de um biopic um objecto derradeiramente artístico e, por isso, totalmente fascinante. Não admira: o homem por detrás da câmera, Martin Scorsese, é um artista, um visionário e um mestre da sua arte - e isso faz toda a diferença.

Na verdade, uma personalidade tão rica, multi-facetada e magnetizante quanto a de Howard Hughes - nas mãos certas -, só poderia resultar numa abordagem tão estimulante e interessante. Como diria a Katherine Hepburn de Cate Blanchett: there's too much Howard Hughes in Howard Hughes; senão vejamos: órfão e herdeiro multi-milionário, ambicioso produtor e realizador de cinema, aviador e pioneiro da aviação, inventor exigente e engenheiro sem diploma, empresário capitalista e revolucionário das viagens aéreas comerciais e transcontinentais, um excêntrico playboy. Um homem à frente do seu tempo, disposto a apostar a sua palavra e a sua fortuna na concretização dos seus grandes sonhos, contra todas as probabilidades, contra todos os detractores, desafiando - sempre - o impossível. Citando o trailer: for some the sky is the limit, for him it was just the beginning. Mas se do pai herdou os milhões, da mãe herdou a misofobia, que se viria a agravar num distúrbio incapacitante e numa doença capaz de o afastar e isolar, de uma vez por todas, da razão, da realidade e do mundo. Apesar de rodeado por milhares de trabalhadores, não foi senão um solitário nervoso, maníaco, obsessivo-compulsivo e ligeiramente surdo, repleto de particularidades. Como tão bem preconiza Hepburn, a dada cena de casa de banho: we're not like everyone else. Too many acute angles. Too many eccentricities. We have to be very careful not to let people in or they'll make us into freaks. 

A MÃE,  OS GERMES E O PASSADO

No prólogo, as luzes acendem-se, gradualmente. Howard ainda criança, desnudo na banheira, é cuidadosamente lavado pela mãe. O momento, em que os medos e as inseguranças - não os germes - são transmitidos, ressoará em todo o filme. Serão inúmeras as cenas de casa de banho, onde Howard encontrará a intimidade, o seu reflexo e a doentia preocupação com a higiene. Na dita cena com Hepburn, a actriz lava-lhe o sangue e trata-lhe das feridas, após o despenhamento do H-1 Racer num campo de beterrabas. Mais adiante, à medida que as compulsões se vão intensificando, assistimos a dois momentos insólitos, nas luxuosas e verdes casas de banho do Pantages e do mítico Cocoanut Grove: na primeira, Hughes, petrificado pela fobia, recusa uma toalha a um aleijado, enquanto ensaboa os dedos, minuciosamente. Na segunda, esfrega as mãos com tal veemência que até ferida faz e sangra, salpicando a camisa. Quando vai a sair, já de mãos impecáveis, defronta-se com a maçaneta em que todos tocam - um obstáculo sério e inultrapassável, a não ser que aguarde por alguém que lhe abra a porta, entretanto, e o alivie da agonia. O filme fecha, depois, de forma circular e, mais uma vez, numa casa de banho: as luzes apagam-se, gradualmente. Ao espelho, Hughes consigo próprio e com os fantasmas do passado.

O Aviador é, por isto e sobre todas as coisas, um voo assombroso aos meandros mais obscuros da mente de Hughes, assolada pelo desnorte e pelo pavor. Como lhe diz a Ava Gardner de Kate Beckinsale, às tantas: nothing's clean, Howard. But we do our best, right? Não admira, portanto, que no clímax da doença e do filme, em que o homem se tranca na sala de projecção por tempo indeterminado, completamente nu e entregue ao mais puro e assustador desmazelo - deixando crescer o cabelo, a barba e as unhas e coleccionando urina numa fileira de garrafas de leite -, assista a pequenas filmagens do deserto, dizendo: that's just beautiful. Oh, yeah. I like the desert. It's hot there in the desert, but it's clean. It's clean.

As suas fragilidades justificarão, seguramente, a sua constante busca de afecto nas mulheres, com as quais pode partilhar a tão preciosa intimidade. Note-se, por exemplo, o caso de Hepburn: o desejo e o sentimento no cortejo permite que Hughes lhe empreste para as mãos o manche, ainda que por precaução revestido a celofane, depois lhe ofereça a beber leite da mesma garrafa de onde já bebeu e de onde tornará a beber e por fim a toque, a beije e com ela sexualmente se envolva. Hughes procura numa mulher, de certa forma, a imagem da mãe, uma pessoa limpa e higienizada e com a qual possa baixar a guarda da sua paranóia, para seu salutar descanso. Uma pessoa em quem possa confiar as suas particularidades e que possa, preferencialmente, controlar de perto... o que acabará por sufocar e condenar, inevitavelmente, qualquer uma das suas relações.

O CÉU, O DINHEIRO E A TENDÊNCIA DO FUTURO

Mas O Aviador é também uma viagem pelo lado luminoso da personagem. É no céu que Howard Hughes encontra a felicidade genuína. É o sonho - e a sede do amanhã - que sempre o evadem, libertam e revitalizam, tanto da solidão como da enfermidade. E claro, é o dinheiro (a perder de vista) que lhe permite concretizar os seus mais elevados devaneios. Ao mesmo tempo que sonha os céus, mostra-se provido de uma misteriosa força telúrica que o faz superar-se na adversidade e quebrar recordes. É assim quando se torna o homem mais rápido do mundo no brilhante e metálico H-1, de rebites embotados. Quando espera meses por cúmulo-nimbos, para filmar as sequências aéreas d'Os Anjos do Inferno (1930), até então o filme mais caro da História do Cinema. A sua megalomania leva a atrasos e adiamentos vários, a pilhas intermináveis de bobines, a milhões empatados... e quando o filme finalmente fica pronto, eclode o cinema sonoro e Hughes decide refazê-lo, agora com som. Saído do limbo para as luzes da ribalta, a obra torna-se um sucesso de bilheteira e é igualmente aclamada pela crítica. A sua ousadia cinematográfica levá-lo-á ainda a discutir seios e decotes com a censura da época, a propósito da estreia d'A Terra dos Homens Perdidos (1943). Dá a volta ao mundo em três dias, compra a TWA e desafia a hegemonia da Pan Am. Com o seu Constallation voa acima das nuvens, contornando o mau tempo, poupando combustível e permitindo viagens com maior segurança. Da administração dos Estados Unidos e durante a Segunda Guerra Mundial recebe cerca de 56 milhões de dólares para a construção de centenas de XF-11, aviões de espionagem, e para a construção do lendário Hércules, a plane, a boat, a flying city, o maior avião de todos os tempos, capaz de levar as tropas americanas em grande número e de uma só vez, a aterrar na Europa. Contudo, o seu perfeccionismo demora a conclusão da encomenda e a guerra acaba sem que os aviões sejam entregues, o que desencadeia a investigação do FBI e as demoradas audiências no Senado, com que culmina o terceiro acto do filme. Custa a crer que esta seja a vida de um só homem.

Qual Ícaro que, ao aproximar-se demasiado do sol, lhe ardiam as asas, também Howard Hughes não consegue atingir as alturas e o sucesso sem atrair a queda e o desastre. O seu punho de ferro e a sua resiliência, contudo, farão frente a tudo e todos e revelar-se-ão determinantes para o triunfo. A cada queda, cada vez mais mortal, a ressurreição, sempre procurando descolar voo e tornar às alturas, em nome da sua paixão:

I care very much about aviation. It has been the great joy of my life. That's why I put my own money into these planes. And I've lost millions (...) and I'll go on losing millions. It's just... what I do.

Daí o título do filme e as fases da sua vida se apresentarem sempre ligadas a um determinado modelo da aviação, daí Os Anjos do Inferno e outros dos seus filmes conciliarem a sua paixão do cinema com a dos aviões. Daí voar para além da duração recomendada, desencadeando aparatosos e perigosíssimos acidentes. Por capricho, mas também por irresponsável deleite infantil. O acidente no XF-11, sobre todos os outros, queima-lhe a pele, dilacera-lhe o corpo e abala-lhe a alma, irreversivelmente.

Ainda ao espelho e perante os fantasmas do passado - nomeadamente perante a criança que foi -, Hughes recorda a vez em que sonhou o futuro:

When I grow up, I'm gonna make the biggest movies, fly the fastest planes ever built and be the richest man in the world.

Eis, pois, O Aviador como a batalha pessoal e interior, intensa e avassaladora, do indivíduo com estes dois tempos - o passado e o futuro - e a forma como eles tão decisivamente se manifestam e se defrontam, impulsionando o motor do seu presente. Atendendo ao seu próprio presságio, é claro concluir como se sonhou e cumpriu. The way of the future, como o próprio repete compulsivamente nos instantes finais, assegura-lhe um lugar incontornável na História da aviação e uma vida, apesar de instável, plena de vitórias.

A audaciosa visão de Scorsese presta-lhe a mais rasgada homenagem e o mais portentoso elogio. Porém, nas suas mãos, mais do que uma biografia e um drama, mais do que um filme sobre uma doença e sobre o sucesso dos sonhos e negócios de Howard Hughes, O Aviador torna-se um filme sobre o próprio cinema e uma impressionante viagem no tempo à glamorosa Hollywood dos anos 20 e 30, sendo que a acção se prolonga até meados dos anos 40 do século XX. O magnífico trabalho de fotografia de Robert Richardson vive do estupendo controlo da iluminação, da manipulação cromática e dos enquadramentos meticulosos. A respeito das cores, cada década teve direito a uma paleta distinta: na primeira são privilegiados os castanhos, laranjas e azúis (até a relva ou as ervilhas ficam azuladas), conferindo um esplendor vintage aos exteriores d'Os Anjos do Inferno, ao Cocoanut Grove, ao campo de golfe ou à praia. Na segunda década, numa imagem muito mais natural, são introduzidos os amarelos e os verdes (quando Hepburn entra com Hughes pela herdade da família adentro, o contraste é claro). O resultado advém da colaboração com os efeitos digitais, cujos filtros a 2 ou 3 cores processaram e transformaram as filmagens iniciais, tornando O Aviador uma maravilha visual. Os cenários e decoração de Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, respectivamente, são extraordinários na recriação histórica; não tenhamos dúvidas, são dos melhores profissionais do ramo no seio da indústria. A cada cena, a sonoplastia revela-se excepcional e na música, entre temas clássicos e da época, os temas de Howard Shore sobressaem. Sempre que se ouvem as castanholas e as sonantes, repetitivas e incisivas notas do tema principal, sabemos que brilha na tela a mente de Howard Hughes, criativa e tão sui generis na sua relação com o mundo. Alternando entre datáveis sonoridades radiofónicas e sonoridades mais modernas, vamos avançando de episódio em episódio, ao sabor da organização do argumentista John Logan. A vívida montagem de Thelma Schoonmaker ousa a sobreposição, o split screen e até a prolepse da imagem, enquanto o som ainda nos posiciona na acção presente. São usadas imagens de arquivo, entremeadas pela narração factual, como num documentário. Alguns melhores momentos do filme são de pura mise en abyme, em que o cinema olha para si próprio: Scorsese e Hughes filmam a sequência aérea, concretizando um inspirado bailado de asas. O estilo é assumidamente old fashioned. Visitamos os bastidores da Hollywood da época, as estreias dos filmes, os produtores dos grandes estúdios, as sessões de cinema e a invocação dos clássicos de Hughes, a censura, a sala de projecção, o desfile de estrelas... o faustoso guarda-roupa de Sandy Powell é, continuamente, de um requinte assinalável. A tremenda paixão de Scorsese pela sua arte transborda em cada um dos seus filmes. O Aviador é um dos exemplos mais assumidos. Mas a declaração de amor maior estaria ainda por vir, na deslumbrante e mágica obra-prima que é A Invenção de Hugo.

Dando corpo e alma à biografia, a excelência do elenco: um genial Leonardo Dicaprio (no melhor papel da sua carreira até então e num dos melhores até agora; de uma entrega absolutamente arrepiante e fora-de-série), uma camaleónica Cate Blanchett (completamente rendida ao sotaque e aos maneirismos de Hepburn) e um conjunto de secundários de notável talento: John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Ian Holm, Matt Ross, Kate Beckinsale, Danny Huston e as participações curtíssimas de Jude Law e Willem Dafoe.

Senão o melhor, seguramente um dos melhores filmes de 2004 e um dos meus preferidos de Scorsese. Grande pedaço de arte.

1º Aniversário do CINEROAD

Amar o Cinema
É Viver
A Maior Viagem de Todas.

Há muitos Destinos
Mas o mais marcante...
É a Estrada.

CINEROAD
Há um ano na Estrada do Cinema.

Agradecimentos Especiais - Última Parte

Hoje, 07 de Setembro, o CINEROAD - A Estrada do Cinema comemora o seu
1º Aniversário.
Eis, pois, a altura certa para agradecer a todos aqueles que fazem deste blogue um motivo de orgulho para mim.

Dedicar-me-ei desta vez aos agradecimentos especiais
a todos os Seguidores do CINEROAD:
Ygor Moretti Fiorante, Moviemento
Daniela Maria Martins
Flávio Gonçalves, Flavio's World
Fred Burle, Fred Burle no Cinema
Altieres Bruno Machado Junior, Tomada 7
Gabriel Von Borell, Um Olhar Além da Tela
Álvaro Martins, Preto e Branco
Cecília Barroso, Cenas de Cinema
Ana Sofia Santos
Airton,
Publicando!
Marcos Ribeiro, Epipocando
Paulo [ALT], They Watch Us
Red Dust, Os Filmes
the subsidal, 35mm
Yirien, Yirien's Blog

Agradecimentos especiais agora
a todos os «consultores técnicos» do CINEROAD:
João Lourenço
Fábio Cabrita
Luís Fernandes
Jackson, seeSAWseen

A todos: MUITO OBRIGADO!

sábado, 5 de setembro de 2009

1º Aniversário do CINEROAD - Agradecimentos Especiais (2)

Amanhã, 07 de Setembro, o CINEROAD - A Estrada do Cinema comemorará o seu
1º Aniversário.
Eis, pois, a altura certa para agradecer a todos aqueles que fazem deste blogue um motivo de orgulho para mim.

Dedicar-me-ei desta vez aos agradecimentos especiais à comunidade cinéfila portuguesa, que é igualmente tão participativa e à qual este blogue tanto deve.

Agradecimentos Especiais aos Super-Visitantes, autores destes blogues:
Ante-Cinema
35mm
Add Critics
Additional Camera
Cinemajb
Close-Up
Créditos Finais
Movie Wagon
Yirien's Blog
Revolta da Pipoca
Os Filmes da Gema
Voices of a Distant Star
e ainda aos autores:
Marta
Lady on the Radiator

Gostaria muito de, no próximo ano, levar a cabo iniciativas conjuntas com muitos destes blogues!

Creio que tenho, todavia, que fazer algumas menções especiais, que certamente compreenderão.
Muitos foram os autores que, já este ano, aceitaram o convite do CINEROAD para iniciativas conjuntas e participações especiais. Por isso, tenho a agradecer aos seguintes blogues:
seeSAWseen
Split Screen
Flavio's World
Cinema is my Life
Preto e Branco
O Alto da Peúga

Cantinho das Artes

A todos, muito, muito obrigado!
Esta estrada não seria possível sem vocês.

[Continua...]

1º Aniversário do CINEROAD - Agradecimentos Especiais (1)

Na próxima segunda-feira, o CINEROAD - A Estrada do Cinema comemorará o seu
1º Aniversário.
Eis, pois, a altura certa para agradecer a todos aqueles que fazem deste blogue um motivo de orgulho para mim.

Iniciar-me-ei pelos agradecimentos especiais à comunidade cinéfila brasileira, que é tão participativa e à qual este blogue tanto deve.

Agradecimentos Especiais aos Super-Visitantes, autores desses blogues:
Cinemania
Publicando!
Rosebud é o Trenó!
Tudo [é] Crítica
Cine Resenhas
Fred Burle no Cinema
Tomada 7
Cinema - Filmes e Seriados
Club Cinéfilo
Acento Negativo
Refinando Ideias, Raphael Vaz
Cine Vita
Mulholland Cinelog
Bit of Everything
Hollywoodiano

BS Movies
Os Filmes
Cine JP
O Cara da Locadora


Não vou apresentar os nomes de todos (vocês são tantos que não me atrevo a cometer a falta indesculpável de me esquecer de alguém!) Para além disso, vocês sabem quem são.

Conto realizar no próximo ano iniciativas conjuntas com muitos desses blogues!

Creio que tenho, todavia, que fazer algumas menções especiais, que certamente compreenderão.
Muitos de vocês atribuiram Selos de Reconhecimento ao CINEROAD - A Estrada do Cinema. Saberão o quão bom é sentir esse reconhecimento. Por isso, tenho a agradecer aos seguintes blogues:
Moviemento
Epipocando
Filmes - Sem Enrolação
Cinema Rodrigo
Cinema O Rama
Cinema com Brenno Bezerra

Um Olhar Além da Tela
Para além dos Selos, os autores desses blogues são também Super-Visitantes.

A todos: MUITO OBRIGADO!
[Continua...]

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS (1988)

PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Carmen Maura, Antonio Banderas, Julieta Serrano, María Barranco, Rossy de Palma, Kiti Manver, Guillermo Montesinos, Chus Lampreave, Eduardo Calvo, Loles León, Ángel de Andrés López, Fernando Guillén, Juan Lombardero, José Antonio Navarro, Ana Leza

Comentário: Um gaspacho de ingredientes muito variados, misto de situações caricatas e invulgares, assaz coloridas; todas com muito sabor a Almodóvar. Mas não ao melhor Almodóvar que conhecemos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

MÁ EDUCAÇÃO (2004)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: La Mala Educación
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Gael García Bernal, Daniel Gímenez Cacho, Fele Martínez, Lluís Homar, Francisco Boira, Nacho Pérez

Crítica:

A MISE EN ABYME
ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE DA FICÇÃO

Má Educação é um extraordinário exercício narrativo que, num inesgotável jogo de espelhos, viaja não só entre diferentes níveis diegéticos como estica as relações narrativas para além-diegese.

O primeiro indício desse processo de construção narrativa surge logo na passagem do genérico inicial para o filme em si. O genérico inicial finaliza, pois, com: guión y dirección Pedro Almodóvar. E o primeiro plano do filme, como que dando continuidade ao genérico, espelha-o com: guión y dirección Enrique Goded.

Vamos à análise das unidades narrativas, que são três (U1, U2 e U3):
U1 - Enrique lê o conto de Ignacio A Visita, que lhe foi entregue por Juan (o falso Ignacio)
U2 - Acção do conto da U1 (A Visita): o Padre Manolo lê o conto de Ignacio, que lhe foi entregue por Zahara, interpretada por Juan (o falso Ignacio)
U3 - Acção do conto da U2: a infância de Ignacio

As três unidades de acção encontram-se, pois, umas dentro das outras, criando o efeito das famosas caixas chinesas ou das tradicionais bonecas russas, as marioskas. Simplificam-se, nesta primeira parte do filme, pelo esquema:

Má Educação =

O argumento do filme trata o ajuste de contas com o passado. Por isso, quando Enrique Goded visita a mãe de Ignacio e descobre que este está morto, sendo que Juan se faz passar pelo falecido irmão, dá-se o grande twist. A partir deste momento, extingue-se a organização que acima esquematizei e a narrativa é unificada numa só acção. A U2 revela-se como sendo o filme de Enrique Goded, que é realizado na U1. A U3 é não existe mais. E quando o verdadeiro Padre Manolo aparece, inicia-se uma nova unidade intradiegética (a U4), na qual o agora Sr. Berenguer narra a Enrique a morte de Ignacio e desmistifica a verdade sobre Juan.

Depois, o filme termina e ficamos a saber que, tal como Almodóvar, Enrique continua até hoje a fazer filmes. A comparação entre os dois é absolutamente legítima e enriquecedora. Aliás, é com esta comparação que aquela passagem do genérico inicial para o filme em si ganha todo um renovado fôlego semântico. E não falo em autobiografia (o próprio Almodóvar nunca assumiu influências autobiográficas na história do filme; e mesmo que assumisse isso seria algo não só difícil de comprovar como desinteressante do ponto de vista literário). Refiro-me, pois, a uma clara sinédoque justificada por essa similitude entre Enrique e Almodóvar e que, de modo evidente, amplifica o jogo de espelhos numa relação meta-diegética.

Para além do argumento, Má Educação conta com uma interpretação assombrosa, versátil e transfiguradora de Gael García Bernal. Ainda com excelentes escolhas de casting (note-se o restante elenco), magnificamente encenado e com uma mise-en-scène que é um primor, o filme de Almodóvar é uma concepção magistral de sedução: nos enquadramentos, nas cores da fotografia, na arte de filmar, na montagem criativa (sobretudo entre níveis diegéticos) ou na sensível e arrepiante banda sonora de Alberto Iglesias.

Em suma: um triunfo corajoso e absoluto.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A LEI DO DESEJO (1987)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: La Ley del Deseo
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Eusebio Poncela, Carmen Maura, Antonio Banderas, Miguel Molina, Fernando Guillén, Manuela Velasco, Nacho Martínez

Crítica: A início, A Lei do Desejo submerge, gratuita e desnecessariamente, na promiscuidade pornográfica. Mas, logo depois, a verdadeira essência do filme revela-se ao som de No me quitte pas. A sempre imprevisível narrativa avança no melodrama e no retrato de um mundo de drogas e de liberdade sexual e Almodóvar mostra-se então talentoso e artisticamente seguro nas mais variadas técnicas a que recorre. Às tantas, a própria ficção passa a objecto ficcional: o que não só tem implicações na diegese como resulta em cenas de rara beleza. A destacar, ainda, a excepcional direcção de actores e, claro, o assombroso desempenho de Carmen Maura. A Lei do Desejo pode não ser um filme muito bom, mas é, certamente, muito mais do que um razoável filme. Íntimo e tocante. Um grande ensaio sobre o poder destrutivo do ciúme.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

NEGROS HÁBITOS (1983)

PONTUAÇÃO: FRACO
Título Original: Entre Tinieblas
Realização: Pedro Almodóvar
Principais Actores: Cristina Sánchez Pascual, Will More, Laura Cepeda, Miguel Zuñiga, Julieta Serrano, Marisa Paredes, Mary Carrillo, Carmen Maura


Comentário: Jesus não morreu na cruz para salvar os santos, mas para redimir os pecadores. Pois, está bem. Do ridículo ao mais descabido non-sense, passando pela polémica gratuita e ainda pela mediocridade criativa, que Almodóvar seja absolvido por um filme tão... insatisfatório.


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